quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sacolas plásticas: apenas supermercados param no dia 25


A reunião foi dirigida pelo empresário Erlon Ortega, presidente da Apas

A preocupação do garcense com o meio ambiente chegou até a Associação Comercial e Industrial de Garça (Acig) que organizou na terça-feira, dia 17, uma reunião na sede da entidade para discutir o uso das sacolas plásticas na cidade.

Estiveram presentes Afrânio Carlos Napolitano, presidente da Câmara e o vereador Fábio Bez (Spok), a diretora de Meio Ambiente Deise Barbosa, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo Edmar Rosa Eduardo, o diretor do Procon em Garça Carlos Roberto Araújo, secretário de Administração Ricardo Barbosa, presidente da Associação Paulista dos Supermercados da Região de Bauru (Apas) Erlon Ortega, o presidente da Acig Luiz Carlos de Souza, além de representantes dos supermercados, açougues, padarias e dos mais variados ramos comerciais da cidade.

A reunião foi dirigida por Erlon Ortega que fez uma explanação sobre o assunto, e aproveitou para esclarecer dúvidas. “Não há uma lei específica sobre o assunto e sim um acordo entre a Apas e o governo do Estado para a substituição das sacolas plásticas por sacolas retornáveis. As sacolas biodegradáveis que custam R$ 0,19 são apenas um meio de apoio nesta transição. O objetivo não é substituir as tradicionais sacolas plásticas por sacolas biodegradáveis e sim substituir por sacolas retornáveis, aquelas de pano ou outro material que vai para casa e volta toda compra, evitando acumular mais lixo”, explanou. “Caso Garça venha aderir à campanha, deixará de descartar 11 toneladas de plásticos por mês. A campanha é pela conscientização e substituição, ficando o dia 25 (aniversário da cidade de São Paulo) marcado como data para a mudança. Lembrando que o saco de lixo é feito de material reciclável, por isso não entra nesse acordo da Apas”, finalizou Erlon.

O dr. Edson Godino, comerciante e diretor da Acig apoiou com ressalvas o assunto. “É totalmente plausível a atividade, acho que é o caminho, porém não veio junto às adequações para o comércio”, falou. O mesmo entende o comerciante e também diretor João Francisco Galhardo. “Todos irão seguir o bom senso e aí vai da conscientização de cada um, os supermercados estarão iniciando o processo que deverá ser continuado, esse é o caminho certo”, disse.

O diretor do Procon Carlos Roberto Araújo falou dos direitos dos consumidores. “Pelo uso e costume o produto tem que sair da loja embalado. Hoje pelo acordo dos supermercados, não dá o direito dos comerciantes lojistas vender sacolas plásticas comuns. Enquanto não tiver a lei ou o acordo assinado, os lojistas têm o dever de entregar a mercadoria embalada. Os supermercados já têm um acordo firmado por isso o caso deles é diferente”, explicou Araujo.

O presidente da Associação Comercial Luiz Carlos de Souza, se comprometeu a fazer outras reuniões para tratar sobre o assunto. “Temos que amadurecer essa ideia. Aqui foi apenas um pontapé para darmos continuidade numa conscientização geral da cidade, chegando ao ponto de colocar todo o comércio em sintonia. A princípio nada muda para os comerciantes, pois temos que ver as necessidades de cada um deles, como estoque, abastecimento de material apropriado para substituir as sacolas e nada disso levará menos de 6 meses para que seja amplamente discutido e resolvido”, falou o presidente.

Então para que todos fiquem mais tranquilos, no momento nada muda, apenas os supermercados estarão substituindo as sacolas plásticas por sacolas retornáveis no próximo dia 25. Essa é uma conscientização que com certeza veio para ficar e que mais dia ou menos dia surgirá uma lei estadual ou federal regulamentando o uso das sacolas plásticas.

O subgerente da Acig Fábio Dias agradece a todos pela presença. “A quantidade de associados presentes na reunião surpreendeu e deixou o espaço pequeno para alojar todos, mas atitudes como essa fortalecem a cidade e também a Associação que busca sempre trazer soluções para os mais diversos assuntos que envolvem a cidade e o comércio de Garça”, finalizou.

Uma nova realidade de plástico

Ela surgiu na vida do brasileiro lá nos anos 1970. E a novidade não tardou em conseguir um lugar de destaque na vida dos consumidores. As, até então, tradicionais sacolas de papel, caixas de papelão e carrinhos de feira, perderam seu espaço para as sacolinhas descartáveis. Práticas, eficientes e baratas, logo elas dominaram o cenário das compras e dos transportes de pequenos objetos. Por onde quer que se olhasse, lá estavam elas soberanas nas mãos de toda a gente.

Mas, infelizmente, a sua presença não se restringiu às nobres funções. O uso, e mesmo o descarte indiscriminado, transformou as sacolinhas de polietileno confeccionadas a partir de derivados de petróleo, em grandes vilãs.

Despejadas no meio ambiente sua decomposição pode demorar algumas centenas de anos. Pesquisas indicam que esse período é oitocentas vezes maior que o necessário para a natural eliminação de materiais como papel ou papelão. Se o lixo orgânico, por exemplo, pode levar entre 2 meses e um ano para se decompor naturalmente, os plásticos permanecem impávidos, sem agentes como minhocas, fungos e bactérias que façam esse serviço.

Ao boiar em rios e mares, provocam a morte de peixes por asfixiamento. Nos lixões e aterros sanitários elas dificultam a degradação de outros materiais e na época das fortes chuvas entopem bueiros e contribuem para as enchentes.

Afinal diante de tantos malefícios, a sacolinha não é, definitivamente, um demônio em forma de plástico? A resposta é: claro que não!

Os maiores problemas residem na maneira indiscriminada de seu uso e, posterior descarte, sem o menor cuidado e responsabilidade por parte expressiva da população brasileira.

Acredito que entre a sua proibição total como prevê a lei paulistana e a iniciativa da APAS, fico sem dúvida com a segunda. Nada melhor do que “pesar no bolso” para fazer com que os “menos conscientes” pensem duas vezes antes de lançar mão de mais sacolinhas ou até mesmo jogá-las em qualquer lugar.

Por outro lado, é importante também beneficiar o cliente com a nova medida, não só com o apelo de “salvar o planeta”. Como? Em primeiro lugar premiando aqueles que utilizarem sacolas retornáveis, pois a sensação legítima dos clientes é a de que com a cobrança, os supermercados irão “ganhar mais dinheiro” e toda a iniciativa não passaria de apenas mais uma forma de engordar os lucros.

As grandes cadeias varejistas são potenciais transformadoras na busca de uma sociedade mais justa e sustentável, mas as ações precisam ser bastante claras quanto aos seus objetivos. Quanto melhor informados e beneficiados nas boas atitudes, mais fiéis serão os consumidores. Dessa maneira, se todos estiverem sintonizados e conscientes, aí sim, poderemos dizer que estamos juntos na luta pelo futuro do planeta.

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